
Ao longo de muitos anos, fiquei entorpecido com a forma como os professores de yoga em Nova Iorque iniciam frequentemente uma aula. As palavras que se tornaram demasiado comuns foram: "este é um momento difícil".
Em poucos anos, comecei a perguntar-me se esta era uma situação semelhante à história de João e do lobo, onde cada momento parecia ser difícil. Embora não haja dúvida de que há momentos difíceis, cada momento não pode, de facto, ser difícil. No entanto, talvez cada momento se tenha sentido difícil, o que desperta a minha curiosidade em compreender porquê.
Imagino que há 20 anos ou 200 anos atrás, os meus pais ou antepassados também sentiram que era um momento difícil. Não consigo imaginar que para eles fosse tudo "s", o tempo todo, mas para nós agora, não é.
Isto leva-me a crer que sempre foi um momento difícil, e pode sempre parecer que é um momento difícil.
Quando faço uma pausa para reflectir sobre isto, posso sentir-me muito aliviado. Já não tenho de me esforçar tanto. Posso parar de tentar mudar o mundo. Posso parar de tentar mudar aqueles que me rodeiam. Posso parar de tentar mudar a mim próprio.
A mudança vem em duas variedades, aprendi. Uma variedade é eficaz, e a outra é sem esforço. É como tentar dobrar um ramo fino de uma árvore. Se eu a dobrar um pouco, terá espaço para dar. Se eu a dobrar demasiado, ela quebrar-se-á.
O mundo vai continuar a mudar. Os que me rodeiam continuarão a mudar. Eu continuarei a mudar. No entanto, não preciso de forçar nada disso. Está na minha natureza mudar.
Não acredito que estejamos em algum caminho para um mundo perfeito. Acredito que já lá estamos.
Não há dúvida de que existem desigualdades, injustiças e inseguranças. Hoje são de uma variedade específica, amanhã serão de uma variedade diferente.
Durante anos, eu tinha contado a mim próprio uma história que as coisas serão melhores em algum momento futuro. Eu era o rapaz que chorava lobo. Sempre a dizer a mim mesmo, "só preciso de ultrapassar isto", ou "uma vez feito isto, então as coisas serão melhores". Isto aplicava-se nos negócios, na saúde, nas relações, na forma como via o mundo à minha volta.
Percebo agora que só me estava a enganar com esta história demasiado familiar, que este é um momento especialmente difícil em que me encontro.
É uma questão do relativo versus o absoluto. Em termos absolutos, pode parecer difícil. Contudo, em relação ao que sou capaz, ou em relação à capacidade que tenho, ou em relação à minha natureza, esta pode ser de facto a norma.
Este momento sente-se mais difícil do que o quê? Então os momentos passados? Bem, na verdade não, pois já reconheci que os momentos anteriores se sentiram difíceis na altura.
Este momento sente-se mais difícil do que o que eu espero? Aí o tenho. Este momento sente-se difícil em relação ao que eu espero. E se eu sinto que é sempre um momento difícil, é evidente que preciso de mudar as minhas expectativas. Muito mais fácil mudar as minhas expectativas do que tentar mudar a realidade. Tentar mudar a realidade é como dobrar o ramo da árvore com muito esforço.
Não acredito que possa ser sempre um momento difícil. E é pouco saudável contar sempre a mim próprio uma história de que as coisas serão melhores no futuro. E se não o fizerem? E se isto for o melhor que conseguir?
Com este entendimento de que isto é tão bom quanto possível, começo a prestar atenção ao que é real. Deixo de me concentrar nalguma fantasia criada na minha mente. Quando estou ligado à realidade, começo a aceitá-la. Quando aceito a realidade, como ela é e não como eu desejo que seja, o meu coração fica inundado de gratidão. Um sorriso suave aparece naturalmente no meu rosto.
É assim que tento lidar com a dificuldade.